Alexandre e Outros Heróis

“Alexandre e outros Heróis”, especial de fim de ano que a Globo exibiu no ano passado, esteve entre os finalistas, na categoria 'Telefilme/Minissérie', do prêmio Emmy Internacional. A obra teve direção de arte de Raimundo Rodriguez. Considerado o maior evento do mercado televisivo no mundo, o Emmy Internacional tem por missão reconhecer a excelência de conteúdo produzido exclusivamente para TV fora dos Estados Unidos, além de produções de língua não inglesa feitas para a TV americana.

blog Aurora de Cinema da Jornalista Aurora Miranda fez uma matéria especial sobre a participação de Raimundo Rodriguez na direção de arte do programa de TV (leia completo no link): "para conseguir retratar com fidelidade um nordeste que sofria nas mãos de coronéis e em meio a muita seca, o diretor Luiz Fernando Carvalho valeu-se, mais uma vez, de sua sensibilidade e inteligência e convidou o parceiro Raimundo Rodriguez para ser o ‘construtor’ da fictícia fazenda do coronel Alexandre.

Foram quase dois meses na pequenina cidade alagoana de Pão de Açúcar para conseguir ambientar o cenário da minissérie Alexandre e Outros Heróis. Raimundo Rodriguez diz que é chamado de ‘jagunço’ por Luiz Fernando Carvalho e conta sobre a experiência: “Andamos por várias cidades e fazendas. Foi justamente na última que eu encontrei. Recuperamos telhados, reconstituímos madeiras pintadas e restauramos um piso de cerâmica feito à mão”.

Não importa que tenha um cargo de diretor: Raimundo gosta de trabalhar mergulhando de cabeça e arregaça as mangas: “Trabalho 15 horas por dia de capacete e luva. São mais de 30 anos de trabalho e meto a mão na massa do começo ao fim”.



Para a empreitada, Raimundo recrutou 15 operários de Pão de Açúcar e teve de convencê-los a mudar de hábitos: “Eles não trabalhavam às segundas porque é o dia de feira deles. Foi uma tarefa difícil dada a urgência com que a TV trabalha”. E o artista teve de trabalhar muitos dias sozinho: “Se eu não me envolvo, não me interessa fazer aquele trabalho. Dinheiro não é o que me move. Tem de ter amor, senão o trabalho não é reconhecido”.

Para deixar a casa com uma imagem semelhante a dos anos 40, Raimundo Rodriguez usou recursos simples, como aliás costuma fazer em toda a sua impactante produção: “Minha verve é aproveitar o que tem. Se não tiver tinta, uso barro. Compramos todo o estoque de chá preto da cidade para envelhecer as paredes. Faço sempre um processo natural. Fiquei horas passando a mão com cera de chão nas paredes”.

Mesmo o equipamento de gravação, cujas imagens são feitas em alta definição, passou por um processo rudimentar: “Fizemos refletores (que iluminam a cena) com papel vegetal”, explica Raimundo Rodriguez.

“Quarenta minutos antes de gravar, ele queria que eu arrumasse uma mala de boticário de época. Quando comecei a tentar fazer, descobri que a viúva do boticário da cidade, ainda tinha a mala dele”, diz Raimundo. Mas ele diz não se importar com os pedidos difíceis do diretor: “É importante não dizer não. Tenho muita fé de que tudo vai dar certo”."





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